Depois de 2 dias e meio intensos na capital do país, Lima, seguimos viagem para Cusco. É uma cidade localizada nos Andes peruanos, que já foi capital do império Inca, construída nos séculos XI e XII, e agora é conhecida pelos seus vestígios arqueológicos e sua arquitetura colonial espanhola. Cusco foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, em 1983. Sua riqueza histórica é enorme, assim como sua altitude (3.440 m acima do nível do mar). O suficiente pra deixar muita gente sem condições de aproveitar o passeio, devido ao SOROCHE - mal das alturas!. Eu não acreditava que o efeito da altitude era algo tão expressivo, até chegar em Cusco. Você sente desde que sai do avião, uma pressão diferente... Primeiro, que o avião está sobrevoando as montanhas e do nada, chegou! Não tem aproximação, para o pouso! Cusco fica no céu!!!! É tão impressionante, que nas lojas da cidade, você encontra oxigênio engarrafado pra vender. O processo de aclimatação é necessário, mas não é algo impossível. A gente se adapta devagarinho e conhece esse lugar lindo.
Por isso, ao chegar no hotel, o mais indicado é descansar. Descanse por umas 2-3 horas antes de sair batendo pernas. E tome o chá de coca! Oferecido na recepção de todos os hotéis, como cortesia.
Ficamos 5 dias e meio em Cusco. Nosso roteiro foi o seguinte:
Dia 1 - Cusco
Dia 2 - Cusco city tour
Dia 3 - Cusco - Parque arqueológico
Dia 4 - Machu Picchu
Dia 5 - Vale sagrado dos Incas
Dia 6 - Cusco
Para que eu possa dar muitos detalhes vou falar de Macchu Picchu e do Vale Sagrado dos Incas em postagens diferentes, assim como fiz com Lima, tá?
Ficamos hospedados no Hotel Costa del Sol Ramada Cusco, que era muito aconchegante e nos recebeu de maneira amigável. Fica localizado a alguns metros da Plaza de Armas, em uma rua mais calma do centro. Nós andamos livremente em Cusco, mesmo à noite, sem medo de violência. Fomos apenas avisados para ter cuidados com batedores de carteira no entorno do mercado público.
CUSCO - DIA 1:
Chegamos no aeroporto por volta das 13:45h e tínhamos um transfer contratado que nos esperava no desembarque para nos levar direto ao hotel. Fomos orientados pelo guia sobre a importância da aclimatação e do chá de coca na prevenção do SOROCHE e no caminho para o hotel já começamos a nos apaixonar pelas belezas da cidade.
Então deitamos para descansar por umas 2-3 horas, depois de um bom banho e fomos começar nossa exploração. Cada passo que dávamos, já faltava fôlego, como se estivéssemos com asma, mas não tivemos as náuseas e dores de cabeça. Nesse dia, passeamos um pouco, mas deixamos as visitações para o dia seguinte. Mas já deu pra ter uma ideia de que íamos amar a cidade!
Pátio do hotel Costa del Sol Ramada Cusco
Plaza Rogocijo
Plaza de armas com seus balcões coloniais típicos.
Plaza de Armas
Catedral de Cusco
Aqui tem um artesão em cada esquina. |Coisas lindas e bem coloridas. A economia de Cusco é dependente do turismo.
Recantos de Cusco
E no final do dia já eramos quase peruanos e já não estávamos tão cansados como no início!
CUSCO - DIA 2:
Cusco ficou conhecida como o "umbigo da civilização Inca". Durante a invasão espanhola, vários prédios foram destruídos em sua totalidade ou parcialmente, restando algumas paredes de pedra, que tinham sido construídas pelos Incas. Essas paredes serviram como base para a construção da cidade atual.
A Cusco que conhecemos hoje, foi fundada em 1532, pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro, após invadir e saquear toda a cidade durante a sangrenta colonização espanhola. Ao ouvir os relatos históricos dos diversos guias turísticos, nas visitas guiadas, nós conseguimos perceber o ressentimento do povo peruano, assim como a paixão que eles têm pela natureza, pela ciência e pela história Inca.
Os Incas tinham as suas divindades e estas divindades eram ligadas à natureza. Eles adoravam a terra (Pachamama) e o sol (Intri). O rei era considerado sagrado e filho do sol. A lenda diz que o sol enviou uma família para fundar Cusco essa família era composta de Manco Cápac e Mama Ocllo, filhos do sol e da lua, e eles fundariam o Império Inca (Tahuantinsuyo) entre os séculos XV e XVI. No total, o império Inca teve 13 reis, sendo o primeiro Manco Cápac e o último Atahualpa, que perdeu a vida lutando contra os espanhóis.
Além da adoração aos Deuses, os Incas também cultuavam 3 animais sagrados: o puma, o condor e a serpente. Cusco foi construída em forma de Puma. E em vários locais da cidade, encontramos essa indicação com o desenho de um puma.
Nesse dia já nos sentíamos bem mais aclimatados e fomos bater perna de manhã. No início da tarde, tínhamos um city tour guiado contratado.
Plaza Regocijo ou Kusipata - onde fica a prefeitura de Cusco.
Monasterio de Santa Catalina - construído sobre as ruínas Incas da Acllawasi, "a casa das mulheres escolhidas". Nele ficavam reclusas as mulheres mais belas do império, que deviam dedicar-se ao culto do sol, assim como à tarefas domésticas e à culinária. O atual mosteiro, foi fundado em Arequipa em 1601, mas devido a uma série de destruições naturais, ele foi mudado para Cusco. Em 1605, chegaram a Cusco as primeiras 25 monjas da ordem.
Templo de la Compañia de Jesus - é uma igreja jesuíta histórica em Cusco. Um dos maiores exemplos da arquitetura barroca espanhola na cidade. Foi inaugurado em 1668. Essa igreja foi construída sobre o antigo palácio Inca de Huyna Cápac,
Hino de Cusco
Llamas!!!
Arco de Santa Clara - é um arco do triunfo construído em um dos vértices da plaza San Francisco, no centro histórico de Cusco. Foi construído em 1835 pelo General Andres de Santa Cruz, para comemorar o início da Confederação Peru-Boliviana.
Sistema de coleta de águas criado pelos Incas e mantido na cidade.
Olha o oxigênio engarrafado para vender!!!
O city tour em Cusco, normalmente é feito na parte da tarde, quando a temperatura é mais amena, e diferente da maioria, que apenas mostra tudo de dentro do ônibus, nós descemos e visitamos as atrações com nosso guia. Nosso city tour começou pela visita da Iglesia y Convento de San Francisco. Esse convento Franciscano fica na parte mais alta da cidade e permite uma vista completa da cidade. A chegada dos frades franciscanos em Cusco ocorreu logo após sua fundação espanhola, em 1534.
Seguimos com o city tour para o Mercado Central de San Pedro, que é um autêntico mercado público utilizado pela população local Amei a mistura de cheiros e cores que pudemos observar por lá. É um verdadeiro show! Todos os produtos consumidos pelos cusqueños estão à venda em barracas e esteiras estendidas. Passeio interessante de fazer com o guia, porque ouvimos nomes de frutas, tubérculos e legumes que só encontramos la e que você vai esquecer ao olhar a próxima barraca. Mas que na próxima parada para refeição, você vai lembrar que viu aquilo vendendo no mercado...
A senhora quechua colocou a mão no rosto para evitar que fotografia roubasse a alma dela. Faz parte do costume local. Depois dessa foto, eu sempre pedia permissão para fotografar as pessoas.
Esse animal assado é o cuy (porquinho da Índia) muito tradicional nesta região peruana, que só provamos no final da viagem.
Estas são rãs! Vendidas sem pele, prontas para o consumo...
Depois do mercado, fomos conhecer o templo mais importante do império Inca: Qorikancha. Em quechua, Qorikancha significa o lugar de ouro, e para eles o principal Deus era o Sol, sempre ligado ao ouro. Suas paredes eram completamente revestidas de placas de ouro maciço, e foi totalmente derretido e saqueado pelos espanhóis. Sua construção foi iniciada pelo rei Inca Manko Qhapak, mas foi Pachakutec que o expandiu e modernizou em 1438. As pedras usadas para construir o templo, são comumente vistas pela cidade, são de andesito, e elas são moldadas para serem encaixadas, sem a necessidade de uso de argamassa.
Após a conquista do império Inca pelos espanhóis em 1532, Francisco Pizzaro, doou a área onde ficava Qorikancha a seu irmão, Juan Pizarro, que a doou à ordem dominicana em 1536. Esta então, ordenou a demolição de parte de Qorikancha do Convento de Santo Domingo e de uma igreja. No grande terremoto de 1950, algumas estruturas do convento ruíram e os vestígios Incas tornaram-se visíveis. Curiosidade: os terremotos de 1650, 1749 e 1950 danificaram gravemente o convento de Santo Domingo, Qorikancha não sofreu danos.
Observem a inclinação e simetria da construção Inca.
Pátio do atual convento de Santo Domingo.
Uma das placas de ouro que cobria as paredes do templo original e que foi recuperada.
Iglesia de San Blas - localizada no bairro dos artistas, cheio de restaurantes, bares e lojas.
Detalhe de uma loja de artesanato no bairro de San Blas.
Detalhe do encaixe das pedras em muros das edificações da cidade, e o calçamento de pedras de seixos. Esta acima é a famosa pedra dos 12 ângulos, que fica na rua Hatunrumiyoc, onde ficam as relíquias do Inca Roca, atual museu de arte religiosa de Cusco. Esta pedra é considerada patrimônio Cultural da Nação do Peru.
Erguida bem no lugar do antigo Palácio de Viracocha, com pedras retiradas do sítio Inca de Sacsayhuamán, sua construção começou em 1559 e levou quase um século para ser finalizada. à sua direita fica a Iglesia del Triunfo (1536) e à esquerda, a Iglesia de Jesús Maria (1733). A catedral é um dos maiores repositórios de artecolonial da cidade. E é linda! Infelizmente não é permitido tirar fotos no seu interior.
Depois do maravilhoso city tour, fomos ao Museo Choco - o aroma hipnotiza, e pra quem é chocólatra, como eu... O museu é fraquinho, mas podemos degustar as comidas e as bebidas e o local oferece vários workshops. O preço é justo.
À noite, saímos para jantar no El truco Restaurante. Comida com sabor fantástico e preço justo. No mesmo prédio, mas em outro andar ficava o Chicha, por Gaston Acurio, mas não achamos que o preço justificava. Ficamos muito satisfeitos com nosso ceviche do El truco - detalhe para as batatas avermelhadas e levemente adocicadas.
CUSCO - DIA 3:
Pela manhã fomos conhecer o parque arqueológico Inca, que vou detalhar em outro post. A tarde, quando voltamos do passeio, fomos bater pernas pelas ruas charmosas de Cusco. A cidade é pitoresca e aconchegante e por mais que você ande, sempre existirão recantos escondidos para visitar. Não tenha medo ou vergonha de adentrar nos hotéis, mesmo não estando hospedado neles, pois a maioria dos hotéis foi construída em edifícios históricos e precisam ser vistos.
Voltamos no Mercado San Pedro, dessa vez sem guias.
E nos minúsculos becos escondidos, sempre encontrávamos feiras de artesanato local e nesse havia uma amostra dos tipos de milho da região.
Nosso hotel
Pátio do nosso hotel
Passamos novamente para olhar Qorikancha
Praça em homenagem aos fundadores da cidade.
E na volta do passeio, tentando tocar a flauta andina de bambu.
À noite, na Plaza de Armas, avistamos essa carruagem iluminada e dentro dela tinha uma noiva!
Jantamos cedo no restaurante Paprika, no próprio hotel RAMADA. Comida deliciosa e com preço justo. No dia seguinte íamos sair antes do sol nascer com destino a Machu Picchu. Ansiosos pelo dia seguinte!
DIA 4 - MACHU PICCHU - vou fazer um post exclusivo.
DIA 5 - VALE SAGRADO - Outro post exclusivo!
Quando chegamos do Vale sagrado, descobrimos que na rua do hotel havia um restaurante com aqueles espetáculos que mostram a cultura local. Coisa de turista mesmo. E assim terminamos a nossa última noite em Cusco. Nos divertimos bastante no Restaurante Don Antonio.
CUSCO - DIA 6:
Era o dia da despedida. Nosso vôo partia em direção à Lima às 13:55h. Acordamos cedo para tentar ver tudo de novo, para nunca esquecer esse lugar que nos emocionou tanto.
Estátua do rei Pachacutec na fonte da Plaza de Armas
Ainda deu para visitar o Museo Inka
Templo da Sagrada Família ou Templo Jesús Maria - cujos portais chamam atenção, com suas estatuetas renascentistas.
Dizem que as pedras dessa rua aparecem um puma e uma serpente. O guia explicou que no dia 21 de junho (solstício de inverno), as 8h da manhã, a luz incide no muro de tal maneira, que o puma fica visível. E as 10h, a serpente é que aparece. Cada imagem dura apenas alguns segundos.
Olha as nossas comprinhas peruanas!!! Cada coisa linda. E ainda ajudamos o comércio local!
E no aeroporto de Cusco, esperando nosso vôo para Lima e depois de volta pra casa. Felizes e realizados com tanta coisa que vimos e aprendemos. Essa é uma viagem essencial na vida de todo mundo. Que nos faz pensar sobre como o homem sem recursos tecnológico sabia tanto sobre a natureza, sobre o tempo, sobre agricultura, etc. Esse é um povo muito rico de sabedoria. Um país belíssimo que também tem outras regiões a serem apreciadas.
Cinco dias e meio em Cusco foi pouco. Não deu para ir conhecer a Rainbow Mountain, não vimos o sítio arqueológico de Moray e nem as salinas de Maras. Não conseguimos dormir em Águas Calientes e aproveitar os encantos noturnos da cidade.
E temos que visitar o lago Titicaca, Arequipas, as linhas de Nazca e muitos outros locais pitorescos desse país encantador. Vamos voltar!
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