segunda-feira, 25 de maio de 2020

Lima (Peru) - março 2015

    Esta viagem sempre foi um sonho na minha vida. E parecia impossível, porque sempre era muito cara e nunca cabia no orçamento. Até que um dia, tocou uma mensagem no celular avisando de uma promoção de passagens de madrugada... tcha-ran! Foi a chance de ir conhecer o Peru!  

    O Peru é um lugar muito rico culturalmente e a viagem tem muitos detalhes. O que torna o relato longo, mesmo sendo interessante. Então vou dividir esse relato em diferentes postagens.  Nosso roteiro teve um total de 8 dias - que como sempre, é pouco. Ficamos 2 dias e meio em Lima e 5 dias e meio em Cusco, com deslocamentos ao Vale Sagrado e à MachuPicchu. Voltamos enriquecidos de história e cultura. Espero que as dicas possam ajudar os futuros viajantes! Vamos embarcar?


    O Peru fica localizado na América do Sul e faz fronteira com o Brasil. Atualmente é uma República presidencialista e o idioma falado é o espanhol, embora fale-se também o aimará e o quíchua. A moeda local é o Novo Sol. Brasileiros não precisam de visto para estadia de até 90 dias no país. O Peru tem raízes culturais fortes do seu passado indígena. Controversamente, também é fortemente ligado aos costumes impostos pelos conquistadores espanhóis, que chegaram à região na primeira metade do século XVI. Ao mesmo tempo ao ouvirmos a história dos conquistadores contada pelos locais, sentimos o ressentimento pelo que aconteceu. É um país de povo pobre e digno.  A intensa cultura de subsistência que pudemos observar ao passear pelos seus locais tão encantadores de Cuzco e seus arredores chamou minha atenção. A culinária é divina. O Peru é apaixonante em todos os sentidos. 

    Chegamos ao Peru pelo Aeroporto Internacional Jorge Chávez, em Lima, capital do país. Voamos pela AVIANCA a partir do Rio de Janeiro. 

    Fizemos a opção de ficar 02 dias Lima, não só para conhecer a magnífica capital do país, mas para rever grandes amigos peruanos que nos receberam com muito carinho e nos deram as dicas dos que são locais, para que fossemos aos lugares principais. Como só tínhamos 2 dias e meio, eles foram muito bem aproveitados e deixaram um gostinho de quero mais, essencial para sempre pensarmos em voltar...

 LIMA - DIA 1: 
    Uma das coisas que mais me chamou atenção em Lima foi o trânsito caótico. E olha que sou acostumada com trânsito e barbeiragens, mas nunca vi nada como em Lima. Eu nunca teria coragem de dirigir naquela cidade (fica a dica)!!! O trânsito é uma versão sulamericana da Índia - um verdadeiro caos! As avenidas são largas e desorganizadas, muita buzina e xingamento. Então, definitivamente, não vale à pena alugar um carro no Peru!


    Depois de deixar as malas na casa dos nossos queridos amigos Rafael e Laura, fomos conhecer a encantadora Lima! E eu estava doida pra ver o Oceano Pacífico - afinal, seria a primeira vez pra mim! Lima é uma cidade de contrastes, como milhares da América do Sul. Lugares lindos e ricos, e outros bem pobres. Inclusive na parte pobre da cidade, algumas casas não tem telhado. Vocês sabiam que não chove em Lima? 
    A cultura do país é incrivelmente preservada e contada com amor pelo povo. Ainda no caminho para conhecer a cidade, descobri que Lima é uma das cidades que mais sofre abalos sísmicos - isso mesmo: terremotos!!! Às vezes, mais de um por dia . O terremoto mais devastador ocorreu em 1970, quando um abalo de 7.5 na escala Richter, provocou 75 mil mortes. Dizem que depois do último grande terremoto com vítimas, em 1974, as construções passaram a ser feitas com materiais mais resistentes. Fiquei apavorada, porque desconhecia a informação e tenho muito medo de terremotos. Por sorte, não aconteceu durante nossa estadia. Agora vamos as coisas boas, né?

    E começamos pelo distrito tradicional de Miraflores, que fica 79 metros acima do nível do mar. É a região mais popular entre os turistas que vão à Lima.  


    Fomos ao Parque Raúl Porras Barrenechea, que é em homenagem ao professor, historiador e diplomata peruano, que dá nome ao  instituto de ciências humanas e sociais. 

    Em seguida fomos ao parque Maria Reiche - belíssimo. Nele existem miniaturas de algumas das linhas de Nazca e temos uma linda vista do Pacífico. Maria Reiche (1903-1998) foi uma arqueóloga e matemática germano-peruana que estudou as linhas de Nazca, sendo conhecida como a guardiã do mistério do deserto de Nazca. A noite, as linhas ficam iluminadas no parque dando um visual bem diferente. O lugar não é muito conhecido dos turistas, mas é imperdível.



    Parque El Faro de la Marina - um dos faróis mais visitados do Peru. O Farol foi construído em 1900 e instalado pela Marinha de Guerra do Peru em 1973. A luminosidade tem um alcance de 45 km. O parque é bem florido e tudo muito limpo. 

    Caminhando pelo Malecón de Miraflores, chegamos a El Parque del amor. O Malecón oferece uma das vistas mais bonitas de Lima, pois conseguimos ver o oceano Pacífico do alto das falésias. Esse parque foi inspirado no Parque Guell de Barcelona. 

    O parque conta com diversas obras de arte e dentre elas, a de maior destaque é a escultura gigante - o beijo - do artista peruano Victor Delfin, que possui 12m de comprimento e 3m de altura. 



Essa é a vista do Oceano Pacífico que temos no Malecón de Miraflores.

    Seguimos nosso passeio até o shopping Larcomar e fomos ao Mangos começar o turismo gastronômico. Provamos o famoso Pisco Sour - coquetel preparado à base de pisco e limão. 

Comemos o tradicional e delicioso Ceviche peruano. 

Fomos apresentados às delícias peruanas pelos nossos anfitriões Rafael e Laura. 

    E também provamos o Inca Kola, refrigerante tradicional do Peru, mas que não tem nada a ver com a Coca-cola que conhecemos! Ele é feito a base de lucia-lima, uma planta medicinal típica da América do Sul.


    Depois do delicioso almoço fomos ao distrito de Barranco, bairro boêmio onde moram famílias de classe mais favorecidas de Lima. Esta ponte é conhecida como Ponte dos suspiros, e é uma lenda por ter sobrevivido ao terremoto de 1940.



Foi incrível ver o por do sol no mar!


E seguimos provando as delícias peruanas. Fomos ao El Tio Mario - em funcionamento desde 1987. 

Provamos os anticuchos (espetinho de coração de boi com milho e batata).

Choclo (milho branco), muito saboroso. No Peru existem cerca de 55 tipos diferentes de milho. 

    O milho roxo peruano é utilizado para fazer uma bebida típica local não alcoólica chamada Chicha morada. Ela é servida bem gelada e tem um gosto forte. 

    Também provamos Los Picarones - uma sobremesa peruana com massa de farinha de trigo e abóbora, servidos com mel. Muito boa. 

    Seguimos nosso passeio pelo Barranco, ao anoitecer e passamos pela Parroquia de La Santissima Cruz e pela Biblioteca Municipal de Barranco. 



    Claro que lá não podíamos deixar de ver Chavez e Kiko do seriado El Chavo del Ocho! Ele mesmo, Chaves - fez muito sucesso no Peru.

    E à noite, finalmente coloquei os pés nas águas geladas do Pacífico!!! E seguimos pra descansar. O dia seguinte prometia muita aventura.


LIMA - DIA 2: 
    Nesse segundo dia, nossos anfitriões precisavam trabalhar. Nos deixaram em Miraflores e seguimos conhecendo a cidade. 

    Começamos o dia pelo Parque 7 de Junio.  O parque leva esse nome, porque foi a data de uma batalha importante para o povo peruano em 1880, quando travaram a batalha de Arica, contra o Chile, na guerra do Pacífico. Vocês sabiam que até hoje existe uma grande rivalidade entre os dois países? 

    Existem várias feiras de artesanato em Miraflores, tudo muito colorido em com preço acessível. Mas vale lembrar que este é o bairro turístico. Que encontramos coisas com preços melhores em outros bairros. 

    Depois de andar um pouco compramos um passeio ao sítio arqueológico de Pachacamac. Compramos no parque 7 de junio, no quiosque da empresa  Mirabus Peru. A empresa foi totalmente profissional com guia turístico de primeira qualidade. O tour custa 80 novos soles por adulto e sai do parque as 10:30h da manhã como duração aproximada de 4 horas.

    No caminho para o sítio arqueológico de Pachacamac passamos pelo distrito de Chorrilos. Chorrilos era um balneáreo cheio de resorts até o final do século XIX, quando foi quase completamente destruído pelas forças chilenas durante a guerra do Pacífico (batalha de Chorrilos). 


    E ainda ao nos afastarmos um pouco de Chorrilos, no distrito Villa El Salvador, percebemos a presença de uma Lima muito pobre e sofrida. E é nesse local que vemos algumas casas sem telhado. Esse distrito se estabeleceu como um assentamento informal no início dos anos 70, após o grande terremoto,  e virou uma zona urbana autogerida chamada de CUAVES tornando-se distrito apenas em 1983.

    Ao chegar no sítio arqueologico Pachacamac, nos deparamos com uma feira de artesanato típica com coisas produzidas pelos habitantes do local. 


    O  sanctuario arqueologico y museo Pachacamac está situado no valle de Lurín. As primeiras ocupações do lugar datam de 5.000 a.C. Vários povos habitaram o local como os Wari, os Ychma e finalmente, nos anos 1.400 d.C., os Incas. Os Incas transformaram o local em uma importante capital provincial e construíram templos importantes como o Templo del Sol e el Acllawasi. À importância religiosa de Pachacamac se adicionou o seu funcionamento como um importante centro admnistrativo  nesse período. A chegada dos espanhóis em Pachacamac data de 1533, e a partir daí houve o abandono do santuário. 
    O templo de Pachacamac era visitado por peregrinos nos grandes rituais andinos, pois Pachacamac era um oráculo capaz de predizer o futuro e controlar os movimentos da Terra. A palavra Pachacamac significa " alma da terra". Os antigos povos que habitavam o local criam que um movimento de sua cabeça, seria o responsável por causar os terremotos. Não era permitido olhar em seus olhos, e por isso, os sacerdotes ingressavam no interior do tempo sempre de olhos vendados.









    Não cometam o mesmo erro que nós!! Lima fica situada em uma região de clima desértico... Esquecemos de levar boné e protetor solar e no final do dia estávamos super vermelhos. Importante levar garrafas de água para se hidratar durante o passeio. O passeio é muito bom e aprendemos muito sobre a história dos povos andinos. 

    E depois de um almoço rápido em fast food, fizemos outro tour com Mirabus Peru. Dessa vez fizemos o tour Lima de dia, que é um city tour bem completo explicando sobre todos os locais históricos da cidade. O tour sai em dois horários diferentes: às 10:30 (com visita à Basilica Catedral de Lima)  e às 14:30 (com ingresso para as Catacumbas de San Francisco), custa 80 novos soles por adulto e dura cerca de 3h. Super indico. 


    Essas ruínas são de uma pirâmide da era pre-Inca chamada Huaca Pucllana, que foi um centro administrativo e cerimonial da cultura dos povos pré-hispânicos de Lima nos anos de 200 a 700 d.C.. O local, que atualmente serve como cenário para shows, abriga um museu aberto à visitação, que conserva peças encontradas durante as escavações.  Há também um refinado restaurante no local. 
    O detalhe que percebemos na construção do local, é uso da técnica antisísmica, chamada de librería , em que milhares de tijolinhos de adobe são dispostos como livros em uma estante, mas com a distância de um dedo entre eles para evitar desmoronamento em caso de terremotos. 

    O Parque de la reserva foi inaugurado em 19 de fevereiro de 1929, no dia do aniversário de Augusto Leguia, presidente do Peru e responsável pela ordem de construção do parque. O parque tem esse nome em homenagem as tropas reservistas que lutaram na guerra do Pacífico nas batalhas de Miraflores e de San Juan. Foi restaurado em 2007 e se tornou um dos locais mais visitados de Lima. Virou uma espécie de símbolo da recuperação dos espaços públicos e ícone da modernidade da cidade. A noite é famoso pelo espetáculo do Circuito Magico del Agua (que mostraremos em breve). 

Palácio da Justiça


    A plaza San Martin é um dos espaços públicos mais representativos da cidade de Lima, fica localizada no centro da cidade e foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1988. A praça foi erguida em homenagem ao libertador José de San Martin, que com uma coligação de exércitos da América do Sul, enfrentou e derrotou os espanhóis. 

    A plaza de armas ou plaza Mayor se localiza no centro histórico de Lima, ao seu redor encontram-se os edifícios do Palácio do Governo, Catedral de Lima e Palácio Arquiepiscopal. A Praça das Armas sofreu destruições e incêndios diversos. Já foi palco de brigas de búfalos e de execuções relacionadas à inquisição na América Latina. Para quem curte, diariamentte, as 11:45h ocorre a troca da guarda do Palácio do Governo, que nós não vimos. 
    Uma curiosidade me chamou atenção e vou dividir com vocês: na América Latina, muitas cidades têm uma Plaza Mayor. Sabem porque? Com a colonização do Novo Mundo, os reis católicos, preocupavam-se em projetar um lugar com espaço suficiente para suportar o vai-e-vem da população e priorizar os mercados e comércios nessas praças.  E o entorno desse espaço abrigaria os principais edifícios públicos. 

Palácio arquiepiscopal de Lima - onde reside o arcebispo de Lima. 

    Catedral de Lima - em estilo barroco, já foi reconstruída 5 vezes devido aos danos causados por terremotos, mas sempre mantém o projeto fiel ao original, de 1555. Nela estão os restos mortais de Francisco Pizarro, que entrou para a história como "o conquistador do Peru". 

    Museo Convento San Francisco - fundado no ano de 1546, como o passar dos anos, se converteu no maior complexo arquitetônico da cidade.  



Cenas das ruas de Lima. Chamou-me atenção a intensa presença militar no centro histórico da cidade. 


Trânsito de final de dia, mais um lembrete de que não vale à pena dirigir em Lima. 

    Estádio Nacional de Peru, também conhecido como Estádio Nacional José Diaz. Atualmente tem capacidade para 50 mil pessoas e é o estádio que recebe os jogos oficiais da seleção peruana de futebol. Foi construído em 1952 e reformado em 2011. 
    E aí chega ao fim nosso city tour. Mas não o nosso dia! Pois na nossa última noite em Lima, tínhamos que voltar ao parque de la Reserva para ver o Circuito Magico del Agua

    Esse circuito foi inaugurado em 2007 e conta com 13 fontes cibernéticas que dançam ao som de músicas diferentes e são coloridas de acordo com o ritmo da música. É um verdadeiro espetáculo.  Inclusive é permitido passar por dentro de algumas das fontes. As crianças adoram e saem completamente molhadas. 






E adoramos. E acredite, você vai querer conhecer!

LIMA - DIA 3 - 
    Nosso vôo para Cuzco saia ao meio-dia e com o trânsito caótico de Lima, precisávamos sair com bastante antecedência. Nosso anfitrião Rafael, ainda nos levou para conhecer o Instituto Nacional de Oftalmologia (para os que não sabem, sou oftalmologista) e aproveitei para rever uma outra grande amiga de profissão, a dra Ana Carpio. 





    E assim nos despedimos dessa cidade maravilhosa que nos encantou. Fomos com pretensão de poder voltar um dia. Com a certeza de que tudo podia ser visto com mais calma. E daí, partimos para a próxima etapa da nossa aventura - Vamos pra Cusco?






























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