quinta-feira, 9 de julho de 2020

Évora - a cidade Medieval do Alentejo

JANEIRO 2020

No nosso quarto dia em Lisboa, decidimos ir à cidade medieval de Évora. Fiz um post exclusivo para este dia. Para ver nosso roteiro de Lisboa e nossas aventuras por lá, é só clicar aqui: Roteiro Lisboa!

    O Alentejo, maior região Portuguesa,  fica entre o rio Tejo e o Algarve. A região é famosa por suas vinícolas e por cidades que remontam ao período  romano. Évora, é considerada a capital do Alentejo, fica a 130 km de Lisboa. Um dia de passeio na cidade é perfeitamente plausível e permite visitar todas (ou quase todas) as atrações, dependendo do seu ritmo de visita, pois as atrações são bem próximas umas das outras.  Nosso grupo fez a opção de ir à Évora de autocarros (ônibus). Os autocarros partem da Estação Oriente ou Sete Rios e chegam na estação rodoviária Beja (ou Estação Rede Expresso) em Évora. A passagem custa 12,50€ e o percurso dura cerca de 1 hora e 30 minutos. Logo ao chegar em Évora compramos o bilhete de volta, para não correr o risco de ficar sem lugar no ônibus (afinal éramos 13 pessoas no nosso grupo). 
    

     A distância da estação rodoviária até as muralhas da cidade (apenas 750 metros) pode ser coberta em apenas  10 minutos de caminhada É só seguir o muro de cemitério até a porta de entrada na muralha  (Porta de Alconchel). Évora é considerada uma cidade museu - foi romana até o século V, pertenceu aos visigodos até o século VIII, aos mouros durante 4 séculos, e finalmente aos portugueses desde 1165. A cidade é linda e todos os cantinhos são encantadores. 
    As novas muralhas da cidade foram construídas por D. Afonso IV de Portugal no século XIV e foram consideradas Patrimônio Histórico Nacional em 1922. Antes dessa muralha, uma cerca romana defensiva datada do século III, circundava a parte mais antiga da cidade.  










    Começamos nossas visitas pela Igreja de São Francisco de Évora. Essa igreja, construída entre os anos de 1480 e 1510, no estilo gótico-manuelino, foi a primeira casa da Ordem Franciscana em Portugal. Foi nessa igreja que aconteceu o casamento de D. Pedro I com D. Constança Manuel. Com a extinção das Ordens Religiosas (1834), o Convento que ficava anexo à Igreja foi praticamente demolido, salvando-se apenas a igreja. Ao lado da enorme igreja, existe uma pequena capela: a sinistra Capela dos Ossos. A atração foi idealizada por três frades franciscanos no século XVII, que queriam fazer os visitantes refletirem sobre a transitoriedade e fragilidade da vida. 


    Na entrada da capela há a inscrição: "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos!" As paredes e pilares são revestidas por crânios e ossos reais retirados dos cemitérios portugueses. Ainda existem estátuas religiosas e alguns afrescos que representam passagens bíblicas ligadas à vida e à morte, decorando o local. 







    Ao sair da Capela dos Ossos, a gente entra numa área onde estão algumas relíquias, como os restos mortais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Teresa de Lisieux ou Santa Teresinha. Ela faleceu em 1897, com apenas 24 anos, e foi canonizada em 1997, pelo Papa João Paulo II, como doutora da Igreja. E deste local temos acesso a uma área de exposições de arte sacra e a uma exposição de presépios do mundo inteiro (bem interessante!), em um prédio anexo à igreja, que permite uma bela vista do alto de Évora.




Menor presépio da exposição, dentro de uma caixa de fósforo.




Igreja de São Francisco de Évora



    Depois dessa primeira visita, já era hora do almoço. Comemos o tradicional bitoque português, na praça 1º de maio, ao lado da Igreja, no restaurante Repas. O bitoque é um prato à base de filé, batata frita e ovo, feitos no azeite português, uma delícia!!! O que tinha tudo para dar errado, se transformou em algo divertido, graças ao bom humor de quem está de férias! Nosso grupo de 13 pessoas escolheu uma mesa na calçada e a garçonete não estava nos seus melhores dias. Toda mal-humorada e com a peculiar maneira cartesiana de pensar dos portugueses, fez a maior confusão com  nossos pedidos! Mas no fim, tudo ficou bem e como o bom humor contagia, até foto ela tirou conosco! 

Foto com nossa garçonete (de branco)

Bitoque

    Depois do almoço fomos ao Jardim Público de Évora. O local é bem convidativo para se passar uma tarde. Lá vimos os restos da muralha medieval (séc XIV), o Palácio D. Manuel (séc XVI),  as Ruínas Fingidas (séc XIX) e o coreto (séc XIX). O jardim foi construído entre 1863 e 1867 e possui 3,3 hectares. 

Estátua de Vasco da Gama - Jardim Público de Évora


    O Palácio de D. Manuel é um dos edifícios mais belos de Évora.  Esse prédio já foi o Paço Real de Évora e foi construído por D. Afonso, por volta de 1468. O Palácio ocupava grande parte do Mosteiro e foi tornando-se progressivamente maior. Foi muito utilizado pela família real portuguesa. 

Coreto Jardim Público de Évora (séc XIX)

Jardim Público de Évora

Muralhas do séc XIV nos Jardins Públicos de Évora

    Ruínas Fingidas - foram construídas com materiais arquitetônicos das ruínas de vários monumentos da cidade. São parte integrante de uma torre e resto da muralha medieval. Normalmente, nessas ruínas ficam numerosos pavões que ocupam o jardim. 


Ruínas Fingidas do Jardim Público de Évora


Resquícios da Antiga Muralha Medieval

    E seguimos passeio pelas ruelas deliciosas da cidade, que são charmosas e aconchegantes. 


    Igreja do Convento de Santa Clara - fundado em 1452, recolheu em sua clausura da Ordem Franciscana a princesa D. Joana, filha de Henrique IV de Castela e noiva de D. Afonso V, rei de Portugal.


    À caminho das ruínas romanas, chegamos na Sé de Évora, a maior catedral do país. Sua construção foi iniciada em 1186, e concluída em 1250. É possível subir ao teto da catedral e ter uma vista incrível da cidade. Também não se pode deixar de visitar os claustros. Seu verdadeiro nome é Basílica Sé de Nossa Senhora de Assunção, foi construída toda em granito e representa a transição do estilo romântico para o gótico. A catedral fica no Largo do Marquês de Marialva e sua entrada é paga (custa 3,50€, incluindo visita ao claustro). 

Sé de Évora e sua torre do relógio

Teto da Sé de Évora


Vista do teto da Sé de Évora

E nossos adolescentes, que não quiseram visitar a igreja, ficaram descansando nas escadarias da Sé de Évora. 



Claustro da Sé de Évora

Claustro da Sé de Évora

Interior da Sé de Évora

    E quando saímos da Sé de Évora e olhamos para a direita, já vimos o Templo de Diana, no Largo Conde de Vila Flor. Neste largo ainda estão o Palácio dos Duques de Cadaval e o Museu de Évora, que não visitamos. 


    O Templo Romano de Évora, erroneamente chamado de Templo de Diana. É um dos templos romanos mais bem preservados da Península Ibérica, datando do século I. A confusão no seu nome existe porque muitos acham que ele foi erguido em honra à Deusa romana da caça (lenda criada no século XVII). Mas, na verdade, a história revela que o templo foi erguido em homenagem ao Imperador Augusto, que era venerado como um deus, fazendo parte do fórum romano. O templo foi parcialmente destruído no século V, durante a invasão dos povos bárbaros que dominaram Évora. 


    Em frente ao Templo de Romano fica um lindo jardim, chamado de Jardim de Diana, com um belo miradouro da cidade. Abaixo deste local o casario da Mouraria. 



Busto do Dr Francisco Barahona no Jardim Diana, um dos grandes beneméritos de Évora

    Esta fonte, no fundo do Jardim de Diana, possui uma escultura, alusiva aos namorados, que se chama "O beijo", de autoria de Syoho Kitagawa, colocada lá em 1981, ano em que se realizou o simpósio internacional de esculturas de Évora. 





    A 500 metros do Templo Romano de Évora está a Praça do Giraldo, construída em 1573. Os que lá moram dizem que em Évora, todos os caminhos vão dar na Praça do Giraldo. A praça é uma homenagem a Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, que conquistou Évora na época da ocupação moura em 1167. Este chafariz na Praça do Giraldo tem 8 bicas, cada uma associada a uma rua principal da praça, e no topo existe uma coroa. Segundo a história popular, Filipe III da Espanha, em 1619 achou que a fonte era digna de ser coroada. O local atualmente é uma esplanada cheia de barzinhos e restaurantes com uma atmosfera bem animada. 






Praça do Sertório, onde fica a Câmara Municipal de Évora.




    E seguimos nosso caminho de volta à estação de autocarros, para nosso retorno a Lisboa. Dessa vez descemos pela Rua do Raymundo, e paramos em frente ao número 108C, onde por acaso minha mãe morou. 



    Saímos da cidade pela porta do Raymundo e seguimos pela muralha até a estação de autocarros. Na estrada de volta, ainda fomos presenteados com um belíssimo por do sol. 


    Évora foi uma cidade que nos encantou do início ao fim. Adoramos tudo o que conhecemos. Só sentimos não ter tido tempo para sentar em um barzinho na Praça do Giraldo para relaxar. Se tivéssemos ido de carro, poderíamos ter conhecido algumas vinícolas da Região e visto outras pequenas cidades do Alentejo. No entanto, não teríamos conhecido com calma e apreciado tanto o lugar. Foi muito bom!


    Voltando de Évora, recebemos a proposta indecente de jantar na casa do nosso amigo e irmão André. André é tudo de bom - acolhedor, divertido, companheiro, chef de cozinha nas horas vagas e ainda por cima, estava com saudade dos amigos brasileiros. E olha o cardápio simples que ele nos ofereceu.

    O cardápio continha Lasanha à bolonhesa, Bacalhau ao vapor à Lima (criação do chef) e polvo à lagareira à la Dedé. Tudo impressionantemente delicioso!

Mãos à obra na cozinha para alimentar 12 amigos (7 adolescentes)!



 


    E assim terminava esse dia maravilhoso. Voltamos todos para o hotel de Uber e experiência foi bem diferente do Uber brasileiro. Os carros são ótimos e os motoristas educados! Bora dormir que ainda nos resta um dia inteiro em Lisboa!



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