terça-feira, 7 de julho de 2020

LISBOA E SEUS ARREDORES - ROTEIRO DE 5 DIAS

JANEIRO 2020

    E iniciamos o ano realizando o sonho de fazer essa viagem fantástica à Lisboa e Londres. Foram 15 dias espetaculares na companhia de um grupo grande e incrivelmente entrosado 5 dias em Lisboa e 10 dias em Londres. Viajar em grupo é sempre um desafio, pois exige que a programação atenda aos anseios de todos e que todos se adequem ao que foi programado, pra não ter estresse. Ao mesmo tempo, precisa haver flexibilidade no roteiro para algumas modificações que podem ocorrer no decorrer do passeio. 
    Nosso grupo era composto de 6 adultos e 7 adolescentes, com gostos e objetivos diferentes. A nossa viagem começou cerca de 2 meses antes da data de partida, com os inúmeros encontros pra decidir nossa programação. Esses encontros sempre eram muito divertidos e nos deixavam cada dia mais ansiosos para o dia da partida. 
    Compramos a passagem pela TAP - Air Portugal. Nossa ideia inicial era ir apenas à Londres, mas pra nossa grata surpresa, no momento de adquirir o bilhete, descobrimos que podíamos fazer um stop over em Lisboa ou no Porto, de até 5 dias, sem aumento do custo do bilhete. Então aproveitamos para ficar o máximo de dias que podíamos - 5 dias em Lisboa, passou a ser uma realidade no nosso roteiro. 
    Escolhemos partir na terceira semana de janeiro, porque ainda era período de férias escolares, mas com a volta no início de fevereiro (todos perderiam poucos dias do início do ano letivo), havia uma queda importante do preço. Se fizéssemos ida e volta no mês de janeiro a passagem ficava cerca de 40% mais cara. 
    O voo noturno partiu do Aeroporto Internacional do Recife - Gilberto Freyre (REC) e após 7 horas de voo a gente já acordou em Portugal - Aeroporto de Lisboa - Humberto Delgado (LIS). Voo tranquilo, que apesar de lotado, oferecia um bom serviço de bordo e entretenimento gratuito.  O ponto negativo é que a TAP não permite marcação gratuita do assento. Como nosso grupo era grande, não queríamos correr o risco de ficarmos todos separados, decidimos pagar pela reserva dos assentos. A marcação gratuita do assento só é permitida no momento do check in, 24 horas antes do voo. 




    O Aeroporto de Lisboa, também conhecido como Aeroporto da Portela ou Humberto Delgado (LIS) é comumente a porta de entrada de Portugal. Quem faz apenas conexão nesse aeroporto desembarca, passa pela imigração, depois passa novamente pela área de segurança e faz o novo embarque. Quem vai ficar em Lisboa, sairá do avião, passará pela imigração, retira as malas, passa pela alfândega e depois sai do aeroporto. Na imigração existem 2 filas: (1) passaporte da União Européia e (2) Demais passaportes, e não é necessário preencher nenhum formulário para imigração. Os brasileiros entram na fila de demais passaportes! A imigração em Lisboa normalmente é bem amigável. O agente de segurança pode fazer perguntas sobre o que você vai fazer em Portugal, pedir alguns comprovantes de local de hospedagem , pode querer saber onde você mora e o que você faz. Lembre que o seguro de viagem é obrigatório para entrar na Europa. O Aeroporto não é tão grande e é bem sinalizado e não é um problema encontrar as esteiras com suas malas após o procedimento de imigração. O aeroporto oferece wi-fi grátis e sem limite de tempo.  
    Para falar e usar os dados de celular em Portugal, eu tinha um chip internacional fornecido pelo cartão elo (quando se para as passagens com o cartão, tem-se direito ao seguro viagem e a um chip internacional durante todo o período da viagem). Os demais compraram um chip da vodafone, que custou 15 e funcionou muito bem. O único cuidado é que o plano tem chamadas ilimitadas, mas dados limitados. 
    Para ir do Aeroporto até o centro da cidade existem várias maneiras. O Uber em Portugal funciona muito bem e fica baratinho. O metrô do aeroporto até o centro de Lisboa, leva cerca de 20 minutos. Ainda existe a opção de taxis e são baratos. É possível ainda alugar um carro e já sair do aeroporto com o carro alugado. Nós fizemos a opção de contratar um transfer do aeroporto até o nosso hotel. Contratamos o Alexandre, da Brasileiros Tours, que fez um trabalho maravilhoso - muito atencioso e cheio de dicas. Ele é brasileiro e fiz contato com ele desde o Brasil (WhatsApp: +351 969 933 982 - e no Insta: @brasileirostours).
    Ficamos hospedados no Hotel Borges Chiado, bem no centro de Lisboa, Rua Garret, 108. Localização maravilhosa. Próximo ao elevador Santa Justa, Rua Augusta, estação de metrô quase na frente. Quartos confortáveis, café da manhã maravilhoso, elevadores e preço justíssimo. 




    E chegando em Lisboa, nosso grupo aumentou. Juntou-se a nós nosso amigo recifense que agora mora nas terras lusitanas. Eita que saudade!




    Uma dica bem legal em Lisboa, é a aquisição do Lisboa Card - existe a opção de 24, 48 e 72 horas.  Facilita muito a vida e ajuda a economizar. Embora a gente goste muito de andar e conhecer tudo à pé nas nossas viagens, o metrô de Lisboa funciona muito bem e o Lisboa Card inclui todo o transporte público na cidade e seus arredores, e inclui também algumas entradas de lugares turísticos e descontos em diversos lugares. Pra nosso grupo foi super válido. Ele pode ser comprado nos postos de informação turística do aeroporto de Lisboa, no Palácio da Foz (Praça dos Restauradores), Centro de Bemvinda de Lisboa (Praça do Comércio), Rua Augusta e nos quiosques de Belém. 


    Antes de entrar no roteiro propriamente dito, vou explicar aqui como funciona o metrô de Lisboa. O Metropolitano (ou Metro, sem acento), cobre muito bem a cidade, com exceção de Belém. São quatro linhas divididas por cores: azul, amarela, verde e vermelha e mais de 50 estações. A orientação é bem simples e existem mapas em todas as estações e até um aplicativo. Nas plataformas, tem sempre a indicação de quanto tempo até o próximo metro chegar. A viagem custa 1,40€, mas é preciso adquirir um cartão recarregável que custa 0,50€, com validade de 1 ano. O bilhete vale 1 hora após sua validação na catraca e serve para integração com os demais transportes públicos. 

    Portugal foi um país que nos surpreendeu bastante e superou nossas expectativas em todos os sentidos. O turista é bem tratado e se sente acolhido, o transporte público funciona, as refeições são baratas e o lugar é lindo. Claro que o povo português tem algumas peculiaridades e precisamos nos acostumar com o português cartesiano que eles falam. Só tenho coisas boas para dizer!
    Nosso roteiro incluiu 3 dias em Lisboa, 1 dia em Évora e 1 dia na região de Sintra e litoral de Cascais.  Como fomos em janeiro, em pleno inverno, estávamos com um pouco de receio do frio, mas as temperaturas foram agradáveis o tempo todo (entre 11 e 20°C) e não choveu. 
    E aí? Prontos pra curtir os encantos de Lisboa conosco?

DIA 1 - LISBOA

    Check in realizado no hotel, malas guardadas, hora de bater pernas! Sim estávamos cansados, mas a gente não viaja pra dormir, né? Eu sempre lembrava aos adolescentes do grupo, que dormir em Euro era mais caro. Era melhor passear em Euro e dormir em Real!
    Saímos logo em direção à Rua Augusta. Chegamos à Rua Augusta passando pelo Elevador de Santa Justa ou Elevador do Carmo (300 m do nosso hotel). O Elevador de Santa Justa é um sistema de transporte público de Lisboa, que liga a Rua do Ouro (baixa Lisboa) à Rua do Carmo (alta Lisboa). A estrutura de ferro fundido tem 45 metros de altura e seu projeto foi aprovado para construção em 1900, sendo inaugurado em 1902. Ele chama atenção pela sua beleza. Nossa intenção era almoçar em um dos muitos restaurantes da Rua Augusta, por isso não subimos no elevador. 



    A Rua Augusta é uma famosa rua da baixa de Lisboa, que começa no arco triunfal, ligando a Praça do Comércio à Praça do Rossio. É uma homenagem à augusta figura do rei D. José I. Desde os anos 80 a rua é fechada à circulação de veículos. É uma rua muito agradável, repleta de restaurantes, comércio, ambulantes e artistas de rua. 
    Nosso almoço inaugural foi no restaurante Al Dante. O lugar é simples, mas comemos uma deliciosa comida portuguesa. 




    Como não podia deixar de ser, a sobremesa foi pastel de natas, afinal, falar em Portugal já nos lembra esse famoso doce. E apesar do seu nome, ele não contém nata (creme de leite) na sua receita - curioso, né? A história do pastel de natas remonta ao século XIX, quando Belém ainda não era um bairro de Lisboa e o acesso as 2 cidades acontecia através de um barco à vapor. Com a revolução liberal, foram fechados os conventos e mosteiros portugueses, e em uma tentativa de sobreviver, os monges passaram a vender pastéis numa refinaria de açúcar, próxima ao mosteiro dos Jerônimos. E em 1837 a fábrica de pastéis de "Belém" foi inaugurada. Como o nome pastel de Belém foi patenteado, apenas os pastéis produzidos na Confeitaria Belém podem ser chamados assim. Todos os outros fabricam pastéis de natas! Começamos a experimentar essa iguaria portuguesa da Nata de Lisboa (Rua Augusta, 222).


    A produção é artesanal e na vitrine, ficam os pastéis que acabaram de sair do forno. Do balcão, podemos ver toda a produção dos pastéis. Cada pastel custa 1€ e eles fornecem canela e açúcar. Uma delícia!
 

    De barriga cheia, vamos passear! Seguimos pela Rua Augusta até chegar no arco. O Arco da Rua Augusta é um arco triunfal situado na parte norte da Praça do Comércio. A sua construção foi programada em 1759, no quadro da reconstrução pombalina, após a destruição da baixa lisboeta pelo terremoto de 1755, mas só teve sua obra concluída em 1873. As esculturas em cima do arco representam a Glória coroando o Gênio e o Valor. Na parte inferior do arco as esculturas representam Nuno Álvares Pereira, Vasco da Gama e o Marques de Pombal. O arco é imponente e muito bonito. Inclusive é possível subir para ter uma bela vista de Lisboa do alto do arco. 





    Do outro lado do arco, fica a Praça do Comércio de Lisboa, antigamente chamada de Terreiro do Paço, é uma belíssima praça situada às margens do Rio Tejo, na área onde foi o lugar do palácio dos reis de Portugal por 2 séculos, quando o rei transferiu sua residência do Castelo de São Jorge para este lugar junto ao rio e que hoje é ocupada por alguns departamentos governamentais. É uma das maiores praças da Europa, com cerca de 36.000 m². Foi nessa praça que compramos o nosso Lisboa Card. 



    Esta é a estátua de Dom José em seu cavalo, olhando para o Rio Tejo, bem no centro da Praça do Comércio. A praça, além de abrigar O Palácio Real e sua enorme biblioteca (destruídos pelo terremoto de 1755), também foi o local do assassinato do rei Dom Carlos e seu filho, Luis Felipe, em 1908.



    Depois de comprar o Lisboa Card, partimos para Belém. Belém fica a 7 Km do centro de Lisboa. Não há metrô conectando Lisboa e Belém, mas podemos ir de trem, de bonde, de taxi ou de carro. Optamos pelo trem. Pegamos na praça do comércio o trem na direção de Cascais e descemos na estação Belém (20 minutos). Só foi preciso validar o lisboa Card na maquininha e começar a usar.
    Belém tem muitas atrações - mas infelizmente não dava pra ver tudo. Ao lado da estação de trem fica o Museu Nacional dos Coches - a maioria dos coches pertenceram à família Real Portuguesa e ao Clero. Nosso tempo estava apertado e decidimos não entrar no museu. Seguimos então para o Mosteiro dos Jerônimos, numa caminhada de 10 minutos. E entrada livre com o Lisboa Card. 


    O Mosteiro de Santa Maria de Belém, mais conhecido como Mosteiro dos Jerônimos, construído no sec XVI, todo em calcário. Estreitamente ligado à casa Real Portuguesa e à Epopeia dos descobrimentos, o Mosteiro foi transformado em Monumento Nacional e Patrimônio da UNESCO. É hoje uma das maiores atrações turísticas de Portugal.











    A visitação do Mosteiro dos Jerônimos é muito interessante e podemos ter uma ideia da grandiosidade da construção. Verdade, que o local não manteve os seus objetos conservados porque, na época da extinção das ordens religiosas (1834), o local foi transformado em uma instituição de acolhimento para órfãos e recuperação de mendigos e desfavorecidos, que durou até 1940. Nesse período se perdeu o seu valioso recheio.
    Em frente ao Mosteiro dos Jerônimos encontram-se os jardins da Praça do Império, construídos em 1940 por ocasião da Grande Exposição do Mundo Português, o seu lago central possui um brasão atribuído à navegadores portugueses importantes - são 30 brasões representando os 18 distritos portugueses e ainda há um escudo nacional feito com flores.



    E atravessando a Praça do Império chegamos no Padrão dos Descobrimentos, que é um dos cartões postais de Lisboa. Às margens do Rio Tejo, o monumento é um símbolo do passado glorioso que o país teve na época das grandes navegações, sendo uma homenagem aos navegadores portugueses. O monumento foi erguido em 1960 para imortalizar o Infante Dom Henrique e seus seguidores e colaboradores no plano de desbravar o além-mar! Importante saber que é possível subir ao topo dos 56 metros do monumento e ter uma vista incrível do Rio Tejo e dos arredores, mas optamos por não subir. Ainda tinha que dar tempo de visitar a torre de Belém. 



    Ao todo são 32 estátuas no Padrão dos Descobrimentos homenageando pintores, escritores, missionários e navegadores.


    Seguimos o nosso passeio pela esplanada do Rio Tejo, passamos pelo Museu de Arte Popular e pelas Docas do Bonsucesso nos afastando do Padrão dos Descobrimentos e caminhando por cerca de 1 Km, chegamos à Torre de Belém. 






    A entrada na Torre de Belém também é contemplada pelo Lisboa Card. A Torre de Belém foi construída entre 1514 e 1520 com intenções defensivas, era chamada inicialmente de Baluarte São Vicente (em homenagem à São Vicente de Saragoça, padroeiro de Lisboa). Aos poucos a função defensiva foi sendo substituída sendo utilizada como ponto de aduana, sinalização telegráfica e como farol. Durante o reinado de Filipe II da Espanha, serviu como masmorra para presos políticos. O local tem uma linda arquitetura e vale à pena a visitação. 










    Depois de uma tarde intensa em Belém, ainda nos restava uma caminhada de cerca de 1,5 Km até o nosso trem de volta à Lisboa. Mas em viagem, tudo é diversão. Voltamos caminhando devagarinho e aproveitando as belezas do local. 

Museu de Arte Popular 

    No caminho de volta para o nosso trem, passamos em frente a essa bela construção rosada. Ela é o Palácio Nacional de Belém, residência oficial do presidente da República de Portugal desde 1910. Construído em 1559, também serviu de residência para a família real em séculos passados.
    Vir à Belém e não comer o famoso pastel de Belém, não era possível! Então paramos para um lanchinho na famosa Pastelaria Belém, que é a famosa fábrica dos pastéis desde 1837. Olha a dica!!! Tem uma fila enorme para entrar e sentar no salão. Mas se você não se incomoda de comprar e levar pra comer na rua, não tem fila para o take away! E foi o que fizemos. O pastel de Belém, que é detentor da marca, cobra 2€ por cada pastel. Claro que é gostoso e tem fama, mas os que encontramos em Lisboa, por um preço bem menor, eram até mais saborosos!


    Pegamos o trem de volta para Lisboa (dessa vez sentido Lisboa) e descemos na estação Cais do Sodré, poque queríamos ir ao Famoso Mercado da Ribeira, atualmente modernizado (inaugurado em 2014) e chamado de Time Out Market. O lugar é fantástico. Ele reúne vários pequenos restaurantes de chefs famosos portugueses com preços módicos de cerca de 10-15 por refeição.  No centro do pátio várias mesas longas. O difícil só foi conseguir mesa pra todo nosso grupo sentar junto, mas claro que deu certo! 
    O Local reúne 24 restaurantes, 8 bares e 1 sala de espetáculos. Ambiente descontraído, bem planejado, e bem decorado.  Tem comida para todos os gostos!




Provamos um hot-dog de polvo à lagareiro, simplesmente DE-LI-CI-O-SO!


    Que dia bem aproveitado! Depois de tudo isso a gente precisava dormir um pouco. Amanhã tem mais!


DIA 2 - LISBOA

    Lisboa é um lugar encantador. Em todo lugar que se passa, tem um cantinho cheio de encantos que chama atenção por sua beleza singela. Fiquei apaixonada pela cidade. 
    Este era o dia de conhecer o bairro alto de Lisboa. E andamos no eléctrico (o bondinho Lisboeta), que ainda estava incluso no nosso Lisboa Card. O eléctrico 28 para o bairro alto passava bem perto do nosso hotel. E andar nele é simplesmente um charme. Verdade que só nosso grupo já quase deixava ele lotado (hahaha). 






    Paramos primeiro no Miradouro da Graça, já no bairro da Alfama. A vista desse miradouro é imbatível. Também pode-se chegar lá subindo a escadaria do Caracol da Graça. O mirante fica ao lado da Igreja da Graça. 








    Agora oficialmente no bairro da Alfama. Esta é uma das áreas mais antigas de Lisboa. Aqui as ruas são estreitas, as portas são típicas e à noite sempre escuta-se fados. Era um humilde bairro de pescadores que já era habitado na época visigoda (Sec I a.C). Durante os séculos VIII ao XI este local foi habitado pelos Mouros. O nome do bairro vem do Árabe. A maior parte das igrejas do bairro foi destruída no terremoto de 1755. O melhor jeito de conhecer a Alfama é a pé! Pra sentir o lugar e conhecer suas ruas incríveis. 


    As ruas da Alfama não foram projetadas para o tráfego de veículos modernos. O melhor é usar o eléctrico para trafegar ou ir mesmo à pé. No bairro da Alfama existe a famosa Feira da Ladra, que é o mercado de rua, mais popular de Lisboa. Ela acontece nas terças e sábados no Campo de Santa Clara.  Infelizmente não deu pra encaixar no nosso roteiro. 




As ruas da Alfama são sempre charmosas


    E paramos no Miradouro Santa Luzia e Portas do Sol que ficam bem próximos e permitem uma vista maravilhosa da cidade, de frente para o Tejo. O Santa Luzia é todo de azulejos portugueses, um charme. Você sabia que os azulejos portugueses são reflexo da influência muçulmana na cultura portuguesa?




    Seguimos nossa andança pelo bairro da Alfama em direção ao Castelo de São Jorge e percebendo os pequenos detalhes de uma apaixonante Lisboa. 





    E porque não provar um shot de vinho do Porto e de Ginja? O vinho do Porto é um vinho licoroso, feito a partir de uvas provenientes da região do Douro (Norte de Portugal). A Ginja é um licor obtido a partir da maceração da ginja (fruta semelhante à cereja), muito popular em Lisboa e normalmente servida em uma taça de chocolate. Uma delícia.  



    Subindo devagar e sem pressa, chegamos ao ponto alto do bairro da Alfama. Eis que estávamos no Castelo de São Jorge. A entrada do Castelo custa 10€, preço bem módico para o que oferece. Melhor vista da cidade, além da imersão na cultura local. Localizado na mais alta colina do centro histórico de Lisboa, as primeiras fortalezas do castelo, datam do século I a.C. tendo sido reerguido várias vezes, por diferentes povos e recebido diferentes nomes. Existem indícios de que foi habitado por fenícios, gregos e cartaginenses. Na reconquista da Península Ibérica, as forças de D. Afonso Henriques, investiram contra essa fortificação, então dominada pelos muçulmanos. O nome atual deriva da devoção à São Jorge, santo padroeiro dos cavaleiros e das cruzadas, feitas por ordem de D. João I no Sec. XIV. A partir do Sec XIII, o castelo conheceu seu apogeu, quando foi palácio real, além de palácio dos bispos e albergue dos nobres da corte e fortificação militar. Na função de Paço Real, foi palco da recepção do navegador Vasco da Gama após a descoberta do caminho marítimo para as Índias, no séc XV. O local sofreu muito com os sucessivos terremotos que atingiram Lisboa, quando o paço Real mudou-se para a praça do Comércio.  Em 1940, foram feitas diversas obras de recuperação do local.
    Atualmente o local oferece um miradouro espetacular de Lisboa, jardins belíssimos com uma coleção de pavões, o castelejo, praça das armas, uma câmara escura (que permite observar a cidade em tempo real), um passeio em suas muralhas e algumas exposições sobre o local. As visitas do local podem ser guiadas ou não. Optamos pela visita livre.

















    Em frente à entrada do Castelo de São Jorge fica a casa portuguesa do pastel de bacalhau. Aproveitamos para provar e recarregar as energias! O Local é simples e oferece uma pastel de bacalhau (famoso bolinho de bacalhau recheado com queijo da Serra Estrela) delicioso! 






    Ao lado ainda tinha um local bem mais simples e com comida boa, chamado leitaria São Jorge, de onde também provamos o pastel de natas. 


E ainda tinha um loja só de sardinhas em conserva - a conserveira de Portugal



De barriga cheia, seguimos passeio pelas ruas da Alfama. 




    Lisboa tem muitas escadarias integradas em sua paisagem - pelo que vi são 34 escadarias diferentes, como nomes interessantíssimos como: escadinhas da saúde, escadinhas quebra costas, escadinhas da liberdade, escadinhas do monte, etc... Vale um dia só de subidas e descidas pra quem é muito corajoso!




    Igreja de São Vicente de Fora - construída em 1657, deu início ao estilo maneirista em Portugal. O nome "de Fora" foi dado porque quando foi entregue aos cônegos regrantes de Santo Agostinho e instituído que seria a nova sede da paróquia, ela não estava sob jurisdição do Bispo de Lisboa. Ao seu lado fica o Mosteiro de São Vicente,  fundado em 1147 por D Afonso Henriques. São Vicente é o padroeiro da cidade de Lisboa. 




    Quanto mais a gente andava, mais ficava convencida de como Lisboa é um lugar agradável para passear e para viver. 


    Arco Grande de Cima ou Arco de São Vicente. Ao atravessar o arco, chegamos no Campo de Santa Clara, onde fica a Feira da Ladra, desde 1882, nas terças e sábados. Infelizmente não conseguimos nos programar para ir a famosa feira. Mas como sempre digo, mais um motivo pra eu voltar à cidade. 


    Após atravessar o Campo de Santa Clara, chegamos ao Panteão Nacional (entrada contemplada pelo nosso Lisboa Card). Na verdade a construção é a igreja de Santa Engrácia, escolhida pelo Governo português para receber o título de Panteão Nacional, que homenageia os grandes cidadãos e militares portugueses. O ingresso dá direito de subir até a cúpula, mas como eram muitas escadas e estávamos bem cansados, optamos por não subir. O local foi construído em 1836 e transformado em Panteão Nacional em 1960. O prédio é belíssimo e imponente.





    No Panteão estão o jogador Eusébio da Silva Ferreira, a artista Amália Rodrigues e alguns outros. E faz-se homenagem póstumas à personalidades cujos restos mortais estão em outro local ou têm paradeiro desconhecido, como Pedro Álvares Cabral, Luis de Camões, Vasco da Gama e o Infante D. Henrique.



    Do Panteão fomos caminhando ainda por cerca de 1 Km até a casa dos Bicos (Fundação Saramago), que fica na rua dos Bacalhoeiros, 10, no Terreiro do Paço, bem perto da Praça do Comércio. Essa casa foi construída em 1523 a mando de D. Brás de Albuquerque. A fachada é revestida de uma pedra aparelhada em forma de ponta de diamante, que os lisboetas chamam de "bicos".  A casa foi quase completamente destruída por dentro no terremoto de 1755, passando a ser utilizada como armazém de bacalhau em 1973. Em 1983 foi reformada por dentro e passou a ser sede de exposições culturais. Atualmente abriga a Fundação José Saramago. Lá dentro podemos acompanhar a vida e obra do escritor português que sabia contar histórias como poucos. O único escritor português a ganhar o premio Nobel de literatura. A última sala da Fundação é dedicada à amizade de Saramago e Jorge Amado - super emocionante!  Na parte térrea da Fundação fica o núcleo arqueológico da cidade de Lisboa que percorre a história da cidade desde a ocupação romana até o século XVIII.








    Os restos mortais de José Saramago foram colocadas sob essa oliveira, trazida de sua cidade natal  (o vilarejo de Azinhaga), que fica em frente à casa dos bicos. 



    A praça que fica em frente à casa dos bicos é bem pitoresca e aproveitamos pra fazer um brinde ao nosso grupo e nossa maravilhosa viagem. 





    O Terreiro do Paço fica logo ao lado da Praça do Comércio e no nosso caminho de volta para o hotel, passamos novamente na Praça do Comércio. Lá descobrimos o Museu da Cerveja de Lisboa. O local estava sendo reinaugurado em poucos dias e não pudemos visitar, mas achamos o lugar bem interessante. Lá dentro tem um quiosque do pastel de bacalhau e um restaurante. Lá pode-se experimentar as cervejas dos países lusofônicos. 



    Voltamos pela rua Augusta e caminhamos até a praça do Rossio ou Praça D. Pedro IV. Essa praça é sempre muito movimentada. No seu entorno estão muitos edifícios importantes como o Teatro Nacional D. Maria II. 


    E chegou a hora de provarmos mais um pastel de nata. Esse era da Fábrica Nata, na rua Augusta - de fabricação artesanal, podemos acompanhar todo o processo de fabricação através da vitrine. E sem dúvida, foram os mais saborosos que provamos. 




    Jantamos as famosas sardinhas grelhadas e o polvo à lagareiro também na Rua Augusta, mas dessa vez, não fomos muito felizes na escolha do lugar. O sabor deixou muito à desejar. 




    E pra fechar a noite com chave de ouro, fomos ao show de Madonna! Sempre que faço meus roteiros eu procuro ver se consigo encaixar alguma grande atração  - show, teatro, futebol, etc. Dessa vez, fomos presenteados com o show Madame X  da diva Madonna. Estávamos bem apreensivos, pois por um problema de saúde, ela havia cancelado vários shows da turnê. Inclusive o show da véspera do que fomos! E era uma turnê intimista, num teatro - o coliseu dos recreios, e não em estádio, e que não podíamos entrar com nenhum aparelho eletrônico (tudo ficava trancado em uma bolsa que recebíamos na entrada e que só era desbloqueada na saída do espetáculo. O show foi simplesmente tudo de bom! E a gente comprou achando que estava indo para um belo estádio lotado... Pra nossa surpresa, estávamos em uma camarote exclusivo (daqueles que tem até lugar pra pendurar o casaco) ao lado do palco. INDESCRITÍVEL!
    Sem falar no próprio lugar do show. O coliseu dos recreios é uma sala de espetáculos inaugurada em 1890, que as nata da sociedade portuguesa frequentava para ver espetáculos de Óperas. 







    Os que não foram para o show, fizeram uma reunião no hotel, com direito à queijos e vinhos. 




DIA 3 - Esse dia foi espetacular. Pra que eu possa falar com todos os detalhes que ele merece fiz um post exclusivo para Sintra. É só clicar para viajar com a gente. 

Esse foi o nosso percurso! 
    

 
DIA 4 - 

    No nosso quarto dia em Lisboa, resolvemos ir à cidade medieval de Évora, no Alentejo. Fiz um post exclusivo para este dia. Então clica aqui em Évora e vamos viajar com a gente! 


 
DIA 5 - 

    E nosso passeio à maravilhosa Lisboa chegava ao último dia. Último dia de 5 perfeitos. 
    Começamos o dia indo ao Parque Eduardo VII, que é o maior do centro de Lisboa. Um parque encantador.  O parque foi construído na primeira metade do século XX com o nome de Parque da Liberdade e recebeu esse nome em 1903,  em homenagem ao Rei Eduardo da Inglaterra, filho da Rainha Vitória, para reafirmar a aliança entre os 2 países. O parque é constituído de um enorme canteiro central com arbustos plantados com formas geométricas, ladeado por duas alamedas em calçada portuguesa. Parque imponente. No topo do parque encontramos um lindo mirante com uma grande bandeira portuguesa hasteada (representando o orgulho do povo português), que dá uma bela vista da Avenida da Liberdade.






    Monumento ao 25 de abril (que representa a Revolução Portuguesa de 1974), polêmico pelo seu formato fálico. 


    Pavilhão Carlos Lopes , antigo centro desportivo, construído em 1922 para a Grande Exposição Internacional do Rio de Janeiro, foi adaptado para receber eventos desportivos em 1946. Em 1984 mudou de nome para homenagear o atleta português Carlos Lopes (atletismo). O local foi reaberto em 2017 depois de uma grande recuperação e acolhe uma exposição sobre o turismo de Lisboa nos últimos 20 anos, além de uma área de exposição com mais de 300 peças sobre Carlos Lopes. A fachada do local possui um enorme painel em azulejo azul e branco, produzidos pela fábrica Sacavém em 1922, representando cenas históricas de Portugal.




    Jardim Amália Rodrigues fica em um dos lados do Parque Eduardo VII e recebeu esse nome em homenagem à fadista Amália Rodrigues no ano 2000, embora tenha sido inaugurado em 1996. No jardim  tem um belo espelho de água e um restaurante ao lado do anfiteatro.

    Depois de conhecer o parque Eduardo VII, fomos conhecer o Estádio do Benfica ou Estádio da Luz. Ele é o principal estádio de futebol de Portugal e sua torcida fanática, o apelidou de "A Catedral". O lugar é muito procurado por turistas e torcedores, que gostam de ouvir a história das conquistas do time. 
    Para chegar até lá é bem simples, precisamos apenas pegar o metro até a estação Alto dos Moinhos ou Colégio Militar/Luz. O estádio fica a poucos metros da estação do metrô e é bem sinalizado. Nós compramos os nossos ingressos com antecedência pelo site, por questão de economia, mas não é um problema comprar o ingresso da visita na hora. O Tour do estádio acontece a cada 30 minutos e inclui a história da construção, visita aos vestiários, sala da imprensa, sala dos troféus, ao campo e visita a área das águias. O custo da visita é de 10€.
    O estádio da Luz foi construído nos anos 50 e foi modernizado nos anos 2000, sendo reinaugurado em 2003. Sua capacidade atual é de 65 mil espectadores. Além de visitar o estádio, ainda é possível visitar o Museu Benfica Cosme e Damião e a loja do Benfica. Na entrada do estádio está a estátua de Eusébio, o maior ídolo português do futebol. 
    A visita foi bem interessante. E quando a gente chegou por lá conhecemos um garoto de 10 anos de idade, o Miguel, que se denominava o "MigasGol". Torcedor do Benfica, era apenas a 20ª visita dele ao estádio. Ele sabia mais coisas que o nosso guia. Uma figura. 

 

Homenagem ao nosso time do coração - O Santa Cruz, que sempre fazemos ao visitar os estádio de futebol no exterior. 



Estátua de Eusébio, na entrada do Estádio da Luz


Nós e o "MigasGol"





A águia é o mascote do clube e na entrada social do estádio tem uma grande estátua de uma águia. 



Vestiários





Túnel de acesso ao campo, por onde os times saem.




Sala da imprensa - onde ocorrem as coletivas de imprensa. 





    As águias são uma atração à parte. Elas são treinadas e fazem um vôo sobre o campo, antes do início de cada partida. 



    Depois da visita a gente já estava faminto e ainda tinha muita coisa pra conhecer. Ainda paramos na Benfica Megastore para comprar uma camisa e ver a águia. Ela fica na loja após as visitas para fotos. Mas cobram um preço absurdo pela foto, então não fizemos. E seguimos rumo ao Parque das Nações. 
Paramos no Centro Vasco da Gama (um shopping center bem tradicional) para um almoço rápido e fomos desbravar a área do Parque das Nações. O shopping tem ligação direta com a Gare do Oriente, onde o metro para. 
    Numa faixa de poucos quilômetros estão a marina, o Teatro Camões, vários restaurantes, o Centro Vasco da Gama, o Pavilhão do Conhecimento (um museu da ciência), um cassino, barzinhos, hotéis, um teleférico e o Oceanário de Lisboa. Ficamos encantados com o lugar. E impressionados com o contraste entre essa parte moderna de Lisboa e a parte antiga que todos já ouviram falar. 
    O Parque da Nações foi criado devido a necessidade de se criar novos espaços para sediar a Expo de 1998. O local fica às margens do Rio Tejo e era uma antiga área industrial desvalorizada e degradada que foi muito bem recuperada. Na época, o tema da Expo foi "os Oceanos: um patrimônio para o futuro" e foi quando o Oceanário também foi construído. 

Escultura no parque das Nações


Bandeiras no Parque das Nações



escultura no Parque das Nações



Parque das Nações




Calçadão do Parque das Nações com o Rio Tejo


Calçadão com o teleférico 


    O Oceanário de Lisboa é uma construção moderna de preservação da vida marinha e que apresenta elementos da fauna e flora terrestre e marinha da região dos oceanos Atlântico, Pacífico, Índico e Antártico. São mais de 30 aquários de água salgada. O ingresso não é barato (20€), mas a visita do lugar vale cada centavo. As informações sobre o horário de funcionamento e os diversos bilhetes de entrada podem ser encontradas diretamente no site do Oceanário. Nos divertimos bastante na visita. 















    A saída do Oceanário fica ao lado da Telecabine Lisboa (o teleférico). O ingresso custa 6,50€ ida e volta. O teleférico percorre um trecho do Parque das Nações e proporciona uma vista panorâmica espetacular do lugar. O trajeto é curtinho (1,2Km) e a viagem de cada trecho dura cerca de 8 minutos. O teleférico liga a estação do Oceanário a uma estação nas proximidades da Torre Vasco da Gama. Também é possível ver lá do alto a Ponte Vasco da Gama (17,2 Km de extensão), a mais recente das 2 pontes de Lisboa, que foi inaugurada um pouco antes da Expo de 1998. A gente adorou esse passeio do teleférico. 
















    Terminando nosso último dia em Lisboa, retornamos à Rua Augusta e jantamos no Al Dante! Aquele restaurante que comemos na nossa chegada e que agradou a todos. E hora de nos despedirmos do nosso grande amigo brasileiro, agora lisboeta. Nosso consolo é que voltaríamos em breve. 

Rua Augusta

Elevador Santa Justa

Restaurante Al Dante, Rua Augusta

    E antes de correr para fazer as malas, ainda demos uma paradinha na esquina do nosso hotel na livraria Bertrand, que é apenas a livraria mais antiga em funcionamento do mundo! De portas abertas desde 1732. Poucos anos após sua fundação, foi atingida por uma das grandes catástrofes da história de Lisboa: o terremoto de 1755, que foi seguido por um tsunami e de uma série de incêndios que destruiu a cidade e deixou milhares de mortos. O prédio foi então reerguido em 1773, quando ela voltou a funcionar, no mesmo prédio. Andar num lugar como este é algo muito emocionante e uma experiência inesquecível. 





    E finalmente nosso roteiro de Lisboa chegava ao final. E como sempre vamos precisar voltar. Precisamos explorar melhor a cidade. Andar nas escadinhas e mirantes, andar no elevador Santa Justa e ouvir um fado nas ruas da Alfama. E precisamos rever nosso amigo Dedé!
    No dia seguinte, nosso guia da Brasileiros Tour viria nos buscar cedinho e partiríamos para Londres, para a segunda parte da nossa tão planejada viagem. Vamos com a gente pra Londres?




    

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